surgissem; quando se surprendia absorto, na
contemplatividade muda d′ esse inquietante e vago
Aspirar que fecunda as almas anhelantes de Indeffinivel;
n′ esses impressionativos momentos em
que elle, transfigurado, empallidecia, os que mais
e melhor sentiam todos os Íntimos segredos, todos
os voluptuosos encantos da sua mentalidade, lhe
perguntavam pela obra que deixaria, lhe diziam:
— Então! nada tens feito que revele a tua esthesia, que determine as tuas sensações, a tua sensibilidade extrema. Vives preguiçando, dormindo lassos, longos somnos de luxuria... Olha que a morte ahi vem, ahi vem já, irremovível e obliqua, sôífrega, sequiosa da tua carne e te vae surprehender inútil, mudo, sem nada dizeres ao mundo, cérebro bhudicamente indifferente, bocca fechada n′uma contracção torturante de impotência doentia rodando na mesma poeira vertiginosa, no mesmo torvo e banal rodo moinho dos homens e das cousas, sem nunca revelares todo esse estranho Infinito que trazes na alma.
Sentes o mundo vão, estreito, de dolorosa dureza e no entanto não queres ou não sabes fugir d′ elle pela única larga porta estrellada que se te offeréce ao teu espirito, esse vasto campo ideal onde livremente colhes a cada passo tanta admirável flor de pensamento! Olha a morte, olha a