Saltar para o conteúdo

Página:Fantina- (scenas da escravidão).pdf/103

Wikisource, a biblioteca livre
FANTINA

99

ria ve-lo dançando o fandango na sala grande da fazenda em voltas bruscas como o cão envenenado com o pello da taquara quicé.

Sabendo que Daniel ia no dia seguinte ao Ribeirão, ella levantou-se e foi responder a carta. Fantina fez o mesmo ; mas Daniel lançou-lhe um olhar tão magnetico e supplicante que da porta, ella prometteu voltar.

Uns desejos dengues, cheios de calor, de beiços rubros, queriam juncto de si a carinha fresca e tenra de Fantina.

Havia agora em Daniel uns presentimentos vagos como os vôos da gaivota por cima de um lago.Grande era o desejo|de abraça-la, beija-la,e muito e todos os dias.

Logo que D. Luzia começou de escrever, Fantina, do vão da porta da sala, fez signal para elle espera-la na porta do quarto de Frederico. Assim como o gavião paira nas nuvens, desviando-se das fumaradas da queimada, e, tremente, colhe as azas e sibilla no ar como uma bala, e vae alevantar nas unhas a magnetisada jararaca que fugia das chammas crepitantes, Daniel correu para o logar indicado. Não tardou muito, Fantina appareceu toda medo, com o coração batendo muito, e cahiu nos braços delle que cingiu-a ao peito como a giboia que prende o inexperto novilho á beira das lagòas.