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Página:Fantina- (scenas da escravidão).pdf/16

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FANTINA

Fantina, bocejando muito, ia movendo os dedos sobre a cabeça de nha nhá, dando cafunés.

D. Luzia deixou cahir mollemente o jornal sobre o regaço e mandou a mucama ver como estavam os engemmados. E começou de pensar em Frederico. A sua physionomia morena e sadia vinha-lhe á memória com os augmentos de um cosmorama. Ella ia aos poucos combinando as idéas, e afinal via tão nitidamente o objecto de seus ais, que estendia-lhe os braços promettedores. Derepente cerrava os sobr'olhos e batia com o pé no chão, dizendo :

—Hei de casar com elle, custe o que custar. Não sujeito-me ás imposições de genros e filhos.

—Faltam ainda as saias de recortado ; disse Fantina entrando.

—Pois que as preparem até logo, que amanhã irei á cidade ver a festa do Divino Espirito Santo.

Havia fogos artificiaes para a noite da festa; o sermão declamatorio de frei Ludovico ao meio dia, os cumprimentos attenciosos do compadre vigário, os encontros com Frederico,—tudo lhe parecia nadando em luz e vida.

Enviuvara-se, havia quatro annos, e dizia ter soffrido muito.Não se achava velha, apesar de ter quarenta annos, alentados como o toutiço de um conego. Ou