—Que é isso, seu Zé de Deus ? disse Daniel chegando.
—Até o senhor, homem ? Venho desesperado com aquelle ninho de safados e este Frederico ainda correu atraz daquellas Luzias ! Não voltarei aqui. Aquelle sujeito que lá ficou é um precipício. Casar-se-ha com a comadre, e eu, que tanto a servi, que fui até arrieiro da sua tropa, fico esquecido !!
E desparou em tal berreiro, que parecia um pequeno burguez pedindo ao pai que lhe ponha mais farinha na cuia do leite, por demanhã. Daniel que estava com um pé fora do estribu, e um pouco torto sobre o lombilho, disse-lhe :
—Qual, o seu Zé de Deus, D. Luzia não se casará com elle ; porque não sabe quem elle seja.
—Que ! o senhor está muito atrazado ! E ella é velha, mas come muito lombo de porco, muito vatapá, que aprendeu a fazer com a Theresa bahiana; bebe bom vinho, do Porto . . . e . . . depois fica como uma cadellinha em mez de Agosto. Está doida por um rapaz. E' o que ella quer. E elle, Daniel, o diabo que andava perdido lá por onde Judas perdeu a bota, irá por tudo fóra ! E apontava n'um gesto rasgado para as florestas seculares que rodeavam o ventre dos araxás.