Página:Fantina- (scenas da escravidão).pdf/56

Wikisource, a biblioteca livre
52
FANTINA

— Tarrenego, diabo ; que isto já parece praga do Frederico, que tantas bananas me comeu.

E coçando com grandes arranhões as costas onde as pulgas mordiam, gritava :

— O ladrão, o Frederico ! dormindo talvez no meio dellas !

A Margarida acordou estremunhada com aquelles gritos no quarto visinho, e mesmo em fraldas de camisa, com muitos bocejos, veiu bater á porta do quarto do seu homem, segundo dizia.

— Empurra, que está sem taramela !

— Que é isto, seu Zé ?

— Ora que é isto ?

— Não é por mal que eu pergunto. Estava dormindo e acordei com seus gritos : pensei que me chamava e vim.

— Vossê veiu, fazer o que ? Só se carregar na saia de baeta as pulgas que estão me devorando.

— Não Sr.,eu, o Sr. sabe, não uso de saia de baeta.

— Está um inferno esta casa : pulgas, catinga de cangalhas, calor, raiva, e por outro lado ainda vossê, Margarida ? Veja-se abre a janella, taivez o sereno melhore isto.

Ella levantou-se, e apalpando no escuro foi esbarrar nelle.