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FANTINA

Não demorou muito e a voz do apaixonado do truque reboava pelo interior da casa.

Frederico em frente de D. Luzia achava-a soffrivel nessa noite.

E, na verdade, o pó de arroz que sombreava-lhe a pelle clara, tinha ura tom macio ; um verniz muito molle no cabello, certa inturaecencia nos lábios vermelhos e redondos, o seio com traços escorreitos, formavam um todo promettedor. O cheiro de la vanille, muito doce e subtil, que saturava o ropão sulferino que ella trajava, produzia em Frederico certos alcantis coneupiscentes. O calor abafava ; a luz do grande candieiro de latão que pendia do meio da sala derramava nas paredes caiadas de branco, com pequenos barrados pelos extremos, uma côr cheia de tonalidades mordentes. Sem sentir D. Luzia tocou no pé de Frederico com a ponta do sapatinho de marroquina, de biqueiras de verniz.

Frederico a esta prova de amor, atordoou-se. Esqueceu-se das cartas e instinctivamente dizia :

— Truco.

Dando uma forte punhada na mesa o Teixeira bradou :

— Seis, jogador !

E Frederico perdia.