Durante a explosão das empresas ponto com no final dos anos 1990, os acólitos californianos da sociedade da informação intoxicaram-se com o fervor do milênio. Kevin Kelly declarou que a Internet criara “um novo paradigma” que aboliu todo um ciclo econômico de inchaço-e-estouro.[11] Manuel Castells publicou vários volumes de uma celebração da transição das misérias do nacionalismo industrial às maravilhas do globalismo pós-industrial.[12]
No explodir da bolha especulativa em 2001, essa fábula de reluzente otimismo perdeu seu principal público. Para destroçar os sonhos da ideologia californiana, esse crescimento foi seguido por um estouro. O ciclo de negócios ainda regulava a economia. Com o terrorismo jihadi e aventuras do império em todas as manchetes, os novos meios de comunicação pareciam-se muito com algo do século passado. Contudo, essa baixa foi temporária. Com mais pessoas conectadas e as velocidades de conexão cada vez mais rápidas, a confiança retornou aos poucos ao setor das novas mídias. Em meados dos anos 2000, as ações ponto com eram mais uma vez negociadas a preços altos nas bolsas de valores. Como se a bolha nunca tivesse estourado, as Nações Unidas apresentaram uma conferência entre os dias 16 e 18 de novembro de 2005, na Tunísia, que promovia o futuro da alta tecnologia: a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação.[13] A Internet retomara a sua posição de epítome da modernidade. Assim explicou o comissário europeu para a Sociedade de Informação e Mídia, momentos antes da conferência:
- Por muitos anos, especialistas falaram sobre a convergência digital
das redes de comunicação, conteúdos e projetos de mídia. [...] Hoje
(1º de junho de 2005), nós vemos a convergência digital de fato
acontecer. Voz sobre IP, Web televisão, música on-line, filmes em
celulares: tudo isso é agora realidade.[14]
- Por muitos anos, especialistas falaram sobre a convergência digital
Nas profecias sobre inteligênciaartificialesociedadedeinformação, a ideologia é usada para distorcer o tempo. À importância de uma