nova tecnologia não está no que ela pode fazer aqui e agora, mas no que os modelos mais avançados poderiam ser capazes de fazer algum dia. O presente é compreendido como o futuro embrionário e o futuro ilumina o potencial do presente. Cada passo à frente na tecnologia da computação é um progresso ainda maior em direção ao objetivo final da inteligência artificial. A profecia sobre a sociedade da informação se aproxima de sua realização a cada lançamento de novas partes de programas e equipamentos computacionais. O presente já contém o futuro, e esse futuro explica o presente. O que é agora é o que será um dia. À realidade contemporânea é a versão beta de um sonho da ficção científica: o futuro imaginário.
Na viagem a Flushing Meadows, procurava pela evidência das visões de 40 anos dessa utopia computacional. A Uniesfera, o Lançador de Foguetes e outros sobreviventes da Feira Mundial não são somente curiosidades históricas. O tempo cristalizado dos idos de 1960 é quase indistinguível dos nossos futuros imaginários nos anos 2000. Se refletirmos sobre o que aconteceu durante as últimas quatro décadas, essa proposição parece um contra-senso. Entre as minhas duas visitas a Flushing Meadows, o sistema político e econômico internacional atravessou um processo de reestruturação radical. A Guerra Fria terminou. O império russo desmoronou. A hegemonia estadunidense decaiu. À Europa tornou-se uma unidade comercial. O Leste Asiático industrializou-se rapidamente. À democracia eleitoral se tornou a forma dominante de política. À globalização econômica impôs limites estritos sobre a autonomia nacional. Alguns dos problemas mais urgentes enfrentados pelo mundo hoje não eram sequer conhecidos há 40 anos: as mudanças climáticas, a epidemia da Aids, o terrorismo islâmico e o amortecimento das dívidas do Sul empobrecido. Entretanto, em todos os momentos desse período de tumulto e transformação, nosso conceito de futuro computadorizado foi algo que permaneceu fixo. Assim como em meados dos anos 1960,