Página:Futuros Imaginarios.pdf/47

Wikisource, a biblioteca livre
O SÉCULO ESTADUNIDENSE

Eero Saarinen — o renomado arquiteto finlandês — criou o impressionante visual do edifício da IBM: um teatro branco-ovalado, logotipo corporativo em relevo, sustentado por 45 árvores de metal em tom ferrugem. Debaixo dessas formas espalhafatosas, Charles e Ray Eames — a dupla epítome do desenho industrial modernista estadunidense — foram comissionados para produzir as mostras que celebrariam a liderança da corporação na indústria da computação. Dentro do espaço do andar térreo, os computadores mainframes IBM demonstravam sua capacidade de reconhecer a caligrafia humana e traduzir o russo para o inglês. Os visitantes poderiam assistir a “figuras mecânicas que representavam cenas nos palcos que rodeavam o edifício e temas como velocidade, lógica de computação e sistemas de tratamento de informação”. Voltados para o próprio teatro, Charles e Ray Eames dirigiram a atração principal no pavilhão da IBM: “a Máquina de Informações”. Depois de ocuparem seus lugares nos 500 assentos da “Parede de Pessoas”, os visitantes eram erguidos para dentro da estrutura ovalada. Uma vez no interior, um narrador iniciava uma performance em vídeo e slides de 12 minutos, em nove telas e 14 projetores, com comentários estereofônicos fornecidos na variação de cinco línguas. O tema dessa enlouquecida demonstração multimídia era como os computadores solucionariam problemas do mesmo modo que a mente humana.[20] O público aprendia que os mainframes System/360, expostos no pavilhão da IBM, estavam em via de adquirir uma consciência: a inteligência artificial. “Não fique surpreso se a sua própria mente expandir um bocado ao ver como os computadores usam suas próprias maneiras comuns de raciocinar para solucionar alguns dos enigmas mais mistificados do universo”[21] A demonstração multimídia da IBM comunicou uma importante mensagem ao público estadunidense. A corporação era muito mais do que somente uma operação comercial. Vender computadores aos grandes governos e aos grandes negócios foi simplesmente um

49