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Página:Futuros Imaginarios.pdf/56

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RICHARD BARBROOK

Estados Unidos seguiam rumo à dominação global. No final dos anos 1930, esses destinos divergentes foram dramaticamente demonstrados nas exposições que aconteceram em Paris e Nova lorque. Os visitantes da Exposição Internacional Parisiense de 1937 eram confrontados com uma imagem sombria do mundo. Diretamente opostas uma à outra no meio do calçadão principal, Alemanha nazista e Rússia stalinista erguiam maciços edifícios para desafiar suas visões rivais do futuro totalitário. As divisões políticas e ideológicas que dirigiam a Europa em direção à catástrofe eram perfeitamente simbolizadas em tijolo e concreto.[46]

Em completa oposição, os visitantes da Feira Mundial de Nova Iorque de 1939 foram recepcionados por um banquete de simbolismo otimista. No centro da exposição estavam as contribuições atordoantes de Nova Iorque para a mostra: o Trylon — um obelisco Arte Déco — e o Perisférico — um globo branco brilhante. Dentro do último estava a Democracidade, uma exposição bastante popular que promoveu uma visão utópica da vida suburbana e do transporte motorizado para todos.[47] Esse futuro imaginário também inspirou o pavilhão corporativo mais próspero da Feira Mundial de 1939: o Futurama, da General Motors. Os visitantes aglomeravam-se para admirar o diagrama que mostrava como os EUA se pareceriam em 20 anos. Como no modelo Democracidade, essa exposição também previu que a maior parte das pessoas viveria em subúrbios e trafegaria para o trabalho em carros motorizados.[48] Tanto o governo quanto os grandes empresários estavam convencidos de que — dentro de algumas décadas — os Estados Unidos seriam uma sociedade de consumo.[49]

“Democracidade” [é] uma metrópole perfeitamente integrada,
futurista, que pulsa com a vida, ritmo e música... Aqui está uma
cidade de um milhão de pessoas com uma população de 250 mil
trabalhadores, cujas casas estão localizadas além da própria cidade,
em cinco cidades satélites. Como grandes artérias, largas estradas
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