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O SÉCULO ESTADUNIDENSE

atravessam áreas expansivas da zona rural verde vívida, para conectar
cidades industriais remotas ao coração da cidade.[50]


Face à forte competição pela atenção dos visitantes, outras corporações exibiam máquinas que até então só eram encontradas em histórias de ficção científica. À estrela principal do pavilhão da Westinghouse foi Electro: “um homem de metal de quase três metros que fala, vê, cheira, canta e conta com seus dedos”.[51] Embora fosse só um aparelho, essa máquina foi uma das primeiras interações do futuro imaginário da inteligência artificial. Até a Feira Mundial de 1939, quase todas as histórias de ficção científica sobre seres sintéticos imitavam o enredo de Frankenstein, de Mary Shelley. Cedo ou tarde, a criatura fabricada se converteria em um monstro psicótico que tentaria matar o seu criador humano. Só um ano depois que a exposição fechou, Isaac Asimov — um autor nova-iorquino de ficção científica — partiu para modificar essa imagem negativa. Como inversão ao estereótipo popular, seus contos descreviam robôs com lealdade aos seus mestres humanos pré-programadas dentro de seus “cérebros positrônicos”.[52] Como o Electro no pavilhão da Westinghouse, os seres artificiais de Asimov eram produtos seguros e amistosos de uma grande corporação. Essa nova abordagem comprovou ser um sucesso entre o público estadunidense. Como reflexo dessa mudança de imagem, os meios de comunicação dos Estados Unidos ficaram fascinados com os cientistas que tanto trabalhavam para converter a fantasia de Asimov dos robôs amistosos em máquinas pensantes de verdade. Tanto na ficção científica como na ciência factual, a inteligência artificial havia se tornado a promessa de tempos melhores por vir.

Em suas exibições na Feira Mundial de 1939, o alto governo e os grandes negócios comprovavam que os Estados Unidos já implementavam o tema da exposição: “Construindo o mundo do amanhã".[53] O presente gerencial construía o futuro imaginário.

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