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RICHARD BARBROOK

Enquanto o imaginário dominante da Exposição Internacional Parisiense de 1937 representava a violência descontrolada do Estado totalitário, os ícones duráveis da Feira Mundial de Nova lorque em 1939 exprimiam o potencial produtivo da indústria estadunidense. A tecnologia do militarismo foi confrontada pela tecnologia do consumismo. Para essa competição de simbolismos ideológicos entre duas exposições internacionais, os Estados Unidos de longe forneciam uma visão muito mais atraente — e utópica — de futuro imaginário. Em 1941, como as nações da Europa se racharam em outra guerra desastrosa, Henry Luce — magnata editorial e íntimo do presidente dos Estados Unidos — proclamou o manifesto da crescente superpotência através do Atlântico:

A promessa da produção adequada para toda a espécie humana,
a “vida mais abundante” — observado que isso é uma promessa
caracteristicamente estadunidense. É uma promessa facilmente feita
por demagogos e proponentes de todos os tipos, de esquemas doentes
e “economias planejadas”. Devemos insistir, sim, na vida abundante
que é declarada na liberdade — na liberdade que tem criado sua
possibilidade — em uma visão de liberdade sob a lei. Sem liberdade
não haverá vida abundante. Com a liberdade, pode haver.[54]


Notas:

^ 1. "Um milênio de progresso” foi um dos três simpáticos slogans utilizados para promover a Feira Mundial.

^ 2. Ver editorial da Time—Life Books, Guia oficial, páginas 94, 96 e 212.

^ 3. Ver editorial da Time—Life Books, Guia oficial, página 208; e William Laurence, Science at the fair, páginas 2—14. A Nasa foi fundada em 1958 como a agência de exploração espacial civil do governo dos Estados Unidos.

^ 4. Ver Tom Wolfe, The right stuff, páginas 109—177, 212-351.

^ 5. Ver John Kennedy, Special message to congress on urgent needs; e James Schefter, The race, páginas 145—231.


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