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Página:Futuros Imaginarios.pdf/66

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RICHARD BARBROOK

destroços radioativos. Na lógica bizarra da Guerra Fria, a prevenção de um confronto militar total entre as duas superpotências dependia de um crescimento contínuo do número de armas nucleares de ambos os lados. Retaliação significava escalonamento. A paz perpétua era a guerra permanente. Num raro momento de lucidez, analistas estadunidenses inventaram um irônico acrônimo dessa estratégia de Destruição Mútua Garantida (Mutually Assured Destruction): MAD. (louco).[2]

Naturalmente, propagandistas de ambos os lados justificaram o enorme desperdício de recursos na corrida armamentista ao promover as aplicações pacíficas das tecnologias da Guerra Fria. Na época em que a Feira Mundial de Nova lorque de 1964 abriu, a artilharia genocida foi, com êxito, reempacotada como produtos amigáveis. Reatores nucleares eram geradores de eletricidade barata, e não fábricas de bombas atômicas. Foguetes eram construídos para levar heróicos astronautas para o espaço, não para lançar ogivas nucleares em cidades russas. No momento em que eram colocados em exibição pública, quase todas as pistas de suas origens militares desapareciam. Como os reatores nucleares e os foguetes espaciais, os computadores mainframe na Feira Mundial de Nova Iorque de 1964 eram também progênitos da Guerra Fria. Durante as duas décadas anteriores, o militarismo estadunidense dominou cada estágio do desenvolvimento dessa nova tecnologia. O Eniac — o primeiro ícone midiático da era da computação nos Estados Unidos — era uma máquina de calcular tabelas para melhorar a precisão da artilharia e determinar o poder explosivo de bombas nucleares.[3] Ao começar a fazer mainframes no final dos anos 1940, a estratégia corporativa da IBM estava focada em ganhar encomendas militares. Pesquisas caríssimas tinham de ser subsidiadas com a participação na corrida armamentista da Guerra Fria. Em 1952, a dependência da IBM frente aos militares estadunidenses era simbolizada pelo nome patriótico

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