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A COMPUTAÇÃO DA GUERRA FRIA

dado ao seu novo computador 701: a Calculadora da Defesa. Esse apelido era preciso. Os militares estadunidenses e seus fabricantes de armamentos eram os únicos compradores desse mainframe.[4]

Em 1953, a IBM fechou um contrato para construir computadores para o Comando de Defesa Área: o centro de controle para combater uma guerra nuclear com a Rússia. Ao longo dos cinco anos seguintes, a corporação construiu o sistema Sage, que poderia rastrear uma aeronave russa e ordenar bombardeios estadunidenses para destruir cidades do inimigo. Entupida de dinheiro do governo, a IBM tinha recursos para desenvolver com pioneirismo o controle de computadores por meio de terminais em rede e interfaces gráficas para os usuários.[5]

Com a sobrevivência da nação em risco, a excelência tecnológica não era constrita por limitações financeiras. Na época em que a Feira Mundial de 1964 teve início, os produtos da IBM cumpriam um papel central no confronto entre as duas superpotências. Ao simular uma guerra nuclear total com jogos de computador, estrategistas estadunidenses planejaram a gélida estratégia de uma destruição mútua garantida.[6] Com os mainframes da IBM, os militares estadunidenses poderiam planejar a destruição de cidades russas, organizar a invasão de países “não-amigáveis”, bombardear diretamente alvos inimigos, pagar os soldos de suas tropas e gerenciar seus recursos logísticos.[7] Melhor que isso, os generais estavam sempre ansiosos para comprar a última versão de máquinas da empresa para estarem à frente dos oponentes russos. Graças à generosidade do contribuinte estadunidense, a IBM tornou-se a líder tecnológica da indústria de computação global.

Essa dependência de recursos estatais teve uma excelente linhagem. No início do século XIX, o governo inglês subsidiara o pioneirismo de Charles Babbage para pesquisar uma máquina de cálculo mecânico. Prover o melhor equipamento para a Marinha

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