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assim, como facções competidoras lutaram para obter o poder midiático, oferecendo-nos objetivos tecnológicos comuns, aproveitando-se de nossa necessária crença no futuro. Aqueles que no passado nos ofereceram um futuro melhor o fizeram para garantir uma “calma” continuação do presente. Protegendo a elite mais do que o poder militar é capaz, o poder da mídia é necessário para caracterizar o presente como o passado de um futuro glorioso.

Através de uma pesquisa profunda e ampla das políticas econômicas e sociais da Guerra Fria, Barbrook amarra diversos discursos para nos revelar as verdadeiras intenções de vários atores na academia, no governo e na indústria, e as motivações reais por trás de ações que levaram a um determinado desenvolvimento tecnológico.

A corrida entre os Estados Unidos e a União Soviética na Guerra Fria não era só por armas. Enquanto os Estados Unidos da América saíram da Segunda Guerra Mundial como um superpoder industrial, a União Soviética controlou o futuro ideológico. Os estadunidenses precisavam de um futuro ainda mais brilhante para ganhar a crucial batalha da propaganda durante a Guerra Fria e, para isso, formaram um novo núcleo ideológico, baseado nas teorias marxistas e mcluhanistas: a Esquerda da Guerra Fria.

Em sua análise, Barbrook revela alguns paradoxos no centro da máquina de financiamento estadunidense causados por essa ideologia: fundos de pesquisa militares, inicialmente voltados às tecnologias nucleares e computacionais para competir com os russos, acabaram financiando o comunismo cibernético.

O autor demonstra que os Estados Unidos, como nação mais liberal do planeta, deveriam estar mais avançados no caminho para o socialismo. Porém, para negar o estalinismo, a Esquerda da Guerra Fria precisou criar sua própria versão do futuro socialista: em vários momentos entre 1950 e 2000, a sociedade da informação foi identificada como um plano de estado, uma máquina