Página:Futuros Imaginarios.pdf/70

Wikisource, a biblioteca livre
RICHARD BARBROOK

informação. As transmissões de rádio ofereciam uma infraestrutura de comunicações para o comando e controle das forças militares que operavam sobre imensas distâncias. Entretanto, como o inimigo poderia interceptar essas mensagens, a segurança deveria ser protegida pela transmissão de informação em códigos invioláveis. No início da guerra, o alto comando alemão estava convencido de que sua máquina Enigma oferecia a solução tecnológica para esse problema. Determinado a provar que estava errado, o governo britânico criou organizações dedicadas a quebrar novas formas de criptografia: o Bletchley Park. Cara a cara com o problema de analisar um vasto montante de informação encriptada, times multidisciplinares de acadêmicos foram mobilizados para desenvolver máquinas com as quais poderiam decifrar códigos gerados por máquinas.[14]

Alan Turing foi o guru intelectual desse projeto tecnológico. Em 1936, esse matemático de Cambridge publicou um artigo que descrevia um modelo abstrato para um computador programável: a “máquina universal”.[15] No Bletchley Park, Turing teve a oportunidade de transformar sua teoria em realidade. Ao desenvolverem sofisticadas calculadoras mecânicas para processar suas fórmulas de quebra de encriptamento, seus colegas eram capazes não só de quebrar o código inviolável da Enigma, mas também, e tão importante quanto, decodificar uma vasta quantidade de sinais inimigos.[16] Frustrado pelas limitações dos tabuladores analógicos, Turing convenceu seus chefes a patrocinarem uma pesquisa dentro do cálculo eletrônico. Conduzido por Tommy Flowers, um grupo de engenheiros de telefonia assumiu a responsabilidade por completar esse projeto vital. Perto do final de 1943, esse time obteve sucesso na construção do seu protótipo de computador eletrônico: o Colossos.[17] A Grã-Bretanha recuperava sua liderança tecnológica na guerra da informação.

Para Turing, a invenção do Colossos provou que suas especulações teóricas poderiam ser transformadas em aplicações práticas. Cada

72