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de guerra, uma economia mista, um campus universitário, uma comuna hippie, um livre mercado, uma comunidade medieval e uma empresa ponto com.

Com uma visão politizada e radical da tecnologia, Barbrook apresenta neste livro uma alternativa contrária à doutrina mcluhanista: “a convergência da mídia, as telecomunicações e os computadores não libertam – nem nunca irão libertar – a humanidade. A Internet é uma ferramenta útil, não uma tecnologia redentora. O determinismo tecnológico não molda o futuro da humanidade: quem constrói o futuro é a humanidade em si, usando novas tecnologias como ferramentas.”

Para o leitor brasileiro, a análise histórica deste livro resgata memórias de futuros imaginários a nós oferecidos na ditadura militar. A reserva de mercado serviu para ampliar o desenvolvimento tecnológico nacional ou foi uma força mantenedora do status quo?

No presente, a feira tecnológica continua sendo o lugar de legitimação do desenvolvimento. Grandes empresas e o governo justificam seus investimentos e ações em cima de versões futuras dos produtos fetíchicos que devemos consumir no “agora”.

A exploração de nossos recursos naturais e a poluição são justificadas no futuro, onde todos terão acesso aos bens tecnológicos. A exploração do trabalho continua de maneira perversa na eliminação do escritório: do seu celular ou de sua casa na praia, cidadãos e cidadãs criativos devem contribuir com sua produção 24 horas por dia, sete dias por semana. O manual técnico que acompanha as maravilhas tecnológicas divulga a linguagem dos bytes e gigas, servindo como instrumento de determinação dos objetos técnicos. Os usuários não precisam entender ou se apropriar das tecnologias, pois não devem inventar novos usos para elas.

Num país onde o fim da injustiça social, e até mesmo o fim da prostituição infantil e da escravidão, ainda são um futuro a ima-