Saltar para o conteúdo

Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/110

Wikisource, a biblioteca livre
108
GRACILIANO RAMOS

serraria e a estrada, que se torce contornando um morro.

— Vamos começar vida nova, hein? disse Magdalena alegremente.

Desde então comecei a fazer nella algumas descobertas que me surprehenderam. Como se sabe, eu me havia contentado com o rosto e com algumas informações ligeiras.

Tive, durante uma semana, o cuidado de procurar afinar a minha syntaxe pela della, mas não consegui evitar numerosos solecismos. Mudei de rumo. Tolice. Magdalena não se incommodava com essas coisas. Imaginei-a uma boneca da escola normal. Engano.

Enjoou o Padilha, que achou "uma alma baixa". (Ahi eu expliquei que a alma delle não tinha importancia. Exigia dos meus homens serviços: o resto não me interessava.) Enjoou o Padilha. Mas gostou de seu Ribeiro: metteu-se no escriptorio, folheou os livros, examinou documentos, desarmou a machina de escrever, que estava emperrada. E dois dias depois do casamento, ainda com um ar machucado, largou-se para o campo e rasgou a roupa nos garranchos do algodão. Á hora do jantar encontrei-a no descaroçador, conversando com o machinista.

— Ora muito bem. Isto é mulher.

Mas aconselhei-a a não expor-se:

— Esses caboclos são uns brutos. Quer