— Bater assim num homem ! Que horror !
Julguei que ella se aborrecesse por outro motivo, pois aquillo era uma frivolidade.
— Ninharia, filha. Está você ahi se afogando em pouca agua. Essa gente faz o que se manda, mas não vai sem pancada. E Marciano não é propriamente um homem.
— Porque?
— Eu sei lá! Foi vontade de Deus. É um molambo.
— Claro. Você vive a humilhal-o.
— Protesto! exclamei alterando-me. Quando o conheci, já elle era molambo.
— Provavelmente porque sempre foi tratado a pontapés.
— Qual nada! É molambo porque nasceu molambo.
Magdalena calou-se, deu as costas e começou a subir a ladeira. Acompanhei-a, embuchado. De repente voltou-se e, com voz rouca, uma chamma nos olhos azues, que estavam quasi pretos:
— Mas é uma crueldade. Para que fez aquillo?
Perdi os estribos :
— Fiz aquillo porque achei que devia fazer aquillo. E não estou habituado a justificar-me, está ouvindo? Era o que faltava. Grande acontecimento, tres ou quatro muchicões num cabra. Que diabo tem você com o Marciano para estar tão parida por elle?