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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/131

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S. BERNARDO

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Achei ridículo interrogar aquelle homem gra­ve sobre os mexericos de d. Gloria.
— Excellente senhora, affirm ava seu Ribeiro pautando a lapis o quadrado de papelão.
— Mais ou menos.
Enderecei a correspondência e levantei-me:
— Cuidado com os intrusos.
— Perfeitamente, respondeu seu Ribeiro.
No salão encontrei Magdalena cabida no sofá, acabrunhada. Enxugou os olhos á pressa:
— Porque foi aquella brutalidade?
Magdalena estava prenhe, e eu pegava nella como em louça fina. Ultimamente dizia-me coisas desagradaveis, que eu fingia não comprehender.Via a barriga crescer-lhe. Uma compensação. Sen­tei-me e, para não desgostal-a:
— Foi realmente brutalidade. Brutalidade ne­cessária, mas emfim brutalidade. E’ uma peste recorrer a isso.
— E para que recorre? chasqueou Magdalena. — Já você começa. Esses modos não, tenha paciência. Detesto picuinhas. Commigo é traz zaz, nó cego. Subterfúgios não.
— Quem é que está com subterfúgios? Foi uma brutalidade.
— Necessária.
— Desnecessária. Vê-se bem que você não gosta de minha tia.
— Eu? Nem gosto nem desgosto. Pensei que ella quizesse alguma occupação. A proposito, é