S. BERNARDO
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e o movimento que fiz correspondia a uma necessidade que se tomou clara quando me puz de pé.
— Vamos?
Magdalena acompanhou-me e em caminho falou desta forma:
— Você, pelo que me disse, principiou a vida muito pobre.
— Sei lá como principiei! Quando dei por mim, era guia de cego. Depois vendi as cocadas da velha Margarida. Já lhe contei.
— Já. Luctou muito. Mas acredite que dona Gloria tem desenvolvido mais actividade que você.
— Estou esperando. Que fez ella?
— Tomou conta de mim, sustentou-me e educou-me.
— Só?
— Acha pouco? E’ porque você não sabe o esforço que isso custou. Maior que o seu para obter S. Bernardo. E o que é certo é que d. Gloria não me troca por S. Bernardo.
Vaidade. Professorinhas de primeiras letras a escola normal fabricava ás dúzias. Uma proprieda de como S. Bernardo era differente.
— Não ha comparação.
— Moravamos em casa de jogador de espada, disse Magdalena. Havia duas cadeiras. Se chegava visita, d. Gloria sentava-se num caixão de kero-
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