S. BERNARDO
139
descanço, bom para soletrar a cartilha e riscar
papel.
Seis contos de taboas, mappas, quadros e ou
tros enfeites de parede. Seis contos!
Carrancudo, olhei de esguelha para Magdalena, que ficou socegada, como se aquillo não tivesse sido feito por ella.
Accendi o cachimbo, furiosamente, e procurei distrahir-me. O rancho de Margarida escondia-se entre as folhas das bananeiras. Marciano sahiu do estábulo e veio vindo, banzeiro, derreando-se; diante da casa grande tirou o chapeo e escondeu o cigarro. A pedreira, lá em cima, estava quasi invisível depois que o caminho para ella se tinha
fechado.
A prefeitura não queria mais comprar pedras, as construcções na fazenda estavam terminadas. E mestre Caetano, gemendo no catre, recebia todas as semanas um dinheirão de Magdalena.
Sim senhor, uma panqueca. Visitas, remedios de
Pharmacia, gallinhas.
— Não ha nada como ser entrevado.
Necessitava, é claro, mas se eu fosse sustentar os necessitados, arrasava-me.
Alem de tudo vestido de seda para a Rosa, sapatos e lençoes para Margarida. Sem me consultar. Já viram descaramento assim? Um abuso, um roubo, positivamente um roubo.
Voltei a sentar-me. Magdalena entrou a falar
com o Padilha, mas não percebi o que diziam. O
Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/141
Aparência