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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/141

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S. BERNARDO

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descanço, bom para soletrar a cartilha e riscar papel.
Seis contos de taboas, mappas, quadros e ou­ tros enfeites de parede. Seis contos!
Carrancudo, olhei de esguelha para Magdalena, que ficou socegada, como se aquillo não ti­vesse sido feito por ella.
Accendi o cachimbo, furiosamente, e procurei distrahir-me. O rancho de Margarida escondia-se entre as folhas das bananeiras. Marciano sahiu do estábulo e veio vindo, banzeiro, derreando-se; diante da casa grande tirou o chapeo e escondeu o cigarro. A pedreira, lá em cima, estava quasi invisível depois que o caminho para ella se tinha fechado.
A prefeitura não queria mais comprar pe­dras, as construcções na fazenda estavam termina­das. E mestre Caetano, gemendo no catre, rece­bia todas as semanas um dinheirão de Magdalena.
Sim senhor, uma panqueca. Visitas, remedios de Pharmacia, gallinhas.
— Não ha nada como ser entrevado.
Necessitava, é claro, mas se eu fosse susten­tar os necessitados, arrasava-me.
Alem de tudo vestido de seda para a Rosa, sapatos e lençoes para Margarida. Sem me con­sultar. Já viram descaramento assim? Um abuso, um roubo, positivamente um roubo.
Voltei a sentar-me. Magdalena entrou a falar com o Padilha, mas não percebi o que diziam. O