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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/143

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S. BERNARDO

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Seu Ribeiro approvava com gravidade as toli­ces de d. Gloria.
Casimiro Lopes veio sentar-se num degrau da calçada. Picando fumo com a faca de ponta e pre­parando o cigarro de palha, deitava os olhos de cão ao prado, ao açude, á igreja, ás plantações. Pobre do Casimiro Lopes. la-me esquecendo delle. Cala­do, fiel, pau para toda a obra, era a unica pessoa que me comprehendia. Mandou-me um sorriso tris­te. Estirei o beiço, dizendo em silencio:
— Isto vai ruim, Casimiro.
Casimiro Lopes arregaçou as ventas numa ca­reta desgostosa.
Os outros continuavam a zumbir. Sebo! Uns insectos. Não valia a pena prestar attenção a se­melhantes insignificâncias. Gente besta.
Ergui-me, bocejando. O que eu estava era cançado. O dia inteiro no campo, inquirindo, es­miuçando. Senti as pernas bambas. Cançado.
A noite chegava. Um pretume no interior da casa. Lembrei-me do dynamo encrencado. Mais esta. Deixei o alpendre e entrei:
— Maria das Dores, accenda os candieiros.
O pequeno berrava como bezerro desmammado.
Não me contive: voltei e gritei para d. Gloria e Ma­gdalena:
— Vão ver aquelle infeliz. Isso tem geito?
Ahi na prosa, e pode o mundo vir abaixo. A crian­ça esguelando-se!
Magdalena tinha tido menino.