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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/145

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S. BERNARDO

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para enfeitar a mesa, á tarde. Que é que eu havia de fazer! H avia de negar! E quanto ás conversas, seu Paulo comprehende. Uma senhora instruida metter-se nestas bibocas ! Precisa uma pessoa com quem possa entreter de vez em quando palestras amenas e variadas.
Achei graça. E não prestei mais attenção a Padilha, que, espetando os dedos nos espinhos, de­vastou uma roseira, á pressa, e escapuliu-se. Pales­tras amenas!
Mais tarde, no escriptorio, uma idéa indeter­minada saltou-me na cabeça, esteve por lá um ins­tante quebrando louça e deu o fóra. Quando ten­tei agarral-a, ia longe, Interrompi a leitura da car­ta que tinha diante de mim e, sem saber porque, olhei Magdalena desconfiado. Estava de pé, encos­tada á carteira, mexia distrahida as folhas do ra­zão e contemplava pela janella os paus d ’arco, dis­tantes.
Machinalmente, assignei o papel; Magdalena extendeu-me outro, machinalmente. Nisto a idéa voltou. Movia-se, porém, com tanta rapidez que não me foi possivel distinguil-a. Estremeci, e pa­receu-me que a cara de Magdalena estava mudada. Mas a impressão durou pouco.
Embrenhei-me no trabalho e, á tarde, quando os amigos desceram do automovel, sentia-me perfeitamente tranquillo.
— Ora sejam bem apparecidos.
Como não eram de cerimônia, levei-os para o