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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/148

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GRACILIANO RAMOS

— Ora essa! Não me compete denunciar nin­guém. Os factos são os factos. Observe.
— E' bom apontar, insistiu João Nogueira.
— Para que? A facção dominante está cahindo de podre. O paiz naufraga, seu doutor. E’ o que lhe digo: o paiz naufraga.
Passei-lhe uma garrafa e informei-me:
— Que foi que lhe aconteceu para o senhor ter essas ideas? Desgostos? Cá no meu fraco entender, a gente só fala assim quando a receita não cobre a despesa. Supponho que os seus negocios vão bem.
— Não se trata de mim. São as finanças do Estado que vão mal. As finanças e o resto. Mas não se illudam. Ha de haver uma revolução!
— Era o que faltava. Escangalhava-se esta gangorra.
— Porque? perguntou Magdalena.
Você também é revolucionaria? exclamei com mau modo.
— Estou apenas perguntando porque.
— Ora porque! Porque o credito se sumia, o cambio baixava, a mercadoria extrangeira ficava pela hora da morte. Sem falar na atrapalhação politica.
— Seria magnifico, interrompeu Magdalena. Depois se endireitava tudo.
— Com certeza, apoiou Luiz Padilha.
— Vocês sabem o que estão dizendo?
— O que admira é padre Silvestre desejar a