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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/152

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GRACILIANO RAMOS

quanto Magdalena me entregava as cartas para assignar.
Sim senhor! Conluiada com o Padilha e tentando afastar os empregados sérios do bom cami­nho. Sim senhor, communista! E u construindo e ella desmanchando.
Levantámo-nos e fomos tomar café no salão.
— Sim senhor, communista!
— E’ a corrupção, a dissolução da familia, teimava padre Silvestre.
Ninguém respondeu.
Ignoro essas coisas, naturalmente, mas dese­jei saber o que Magdalena pensava a respeito dellas.
O vigário só fazia gritar.
Qual seria a opinião de Magdalena?
— Ahi padre Silvestre tem razão, concordou Gondim. A religião é um freio.
— Bobagem! disse Nogueira. Quem é cavallo para precisar freio?
Qual seria a religião de Magdalena? Talvez nenhuma. Nunca me havia tratado disso.
— Monstruosidade.
E repeti baixinho, lentamente e sem convicção:
— Monstruosidade!
Materialista. Lembrei-me de ter ouvido Cos­ ta Brito falar em materialismo historico. Que si­gnificava materialismo historico?
A verdade é que não me preoccupo muito com o outro mundo. Admitto Deus, pagador ce-