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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/165

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S. BERNARDO

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dormir! Depois estremeci e olhei as mãos. As minhas maos eram enormes, com effeito.
O Jaqueira... Ah! sim! tinha sido annos atraz.
De repente achei que Magdalena estava sendo ingrata com o pobre do Casimiro Lopes. Afinal...
Assassino! Que sabia ella da minha vida? Nunca lhe fiz confidencias. Cada qual tem os seus segredos. Seria interessante se andassemos dizendo tudo uns aos outros. Cada um tem os seus achaques. Magdalena, que vinha da escola normal, devia ter muitos. Podia eu conhecer o passado della? O presente era ruim, via-se que era ruim.
Ainda em cima ingrata. Casimiro Lopes levava o filho della para o alpendre e embalava-o, aboiando, cantando. Que trapalhada! que confusio! Ella nao tinha chamado assassino a Casimiro Lopes, mas a mim. Naquelle momento, porém, no vi nas minhas idéas nenhuma incoherencia. E não me espantaria se me affirmassem que eu e Casimiro Lopes eramos uma pessoa só.
O Padilha! Cabra ruim é que desgraga um homem. Quem havia de suppor que o Jaqueira...
Outra vez o Jaqueira. Aqui vai, resumido, o caso do Jaqueira. Jaqueira era um sujeito empambado, e os moleques, as quengas de pote e esteira, batiam nelle. Jaqueira recebia as pancadas e resmungava: