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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/178

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XXX

A’ noite parecia-me ouvir passos no jardim. Porque diabo aquelle Tubarão não ladrava? O sa­fado do cachorro ia perdendo o faro. Erguia-me, pegava o rifle, soprava a luz, abria a janella;
— Quem está ahi?
Seria inimigo, gente dos Gama, do Pereira, do Fidelis? Pouco provável. As ameaças tinham cessado: eu e Casimiro Lopes criavamos ferrugem Instinctivamente, resguardava-me collado á pare­de. Julgava distinguir um vulto.
— Quem está ahi? E' bicho de folego, ou é armada, visagem, marmota? Não responde não? E lá ia no silencio um tiro que assustava os moradores, fazia Magdalena saltar da cama, gri­tando.
Fechava a janella e accendia o candieiro. — Que foi? gemia Magdalena aterrada.
— São os seus parceiros que andam rondando a casa. Mas não tem duvida: qualquer dia fica um diabo ahi estirado.