Saltar para o conteúdo

Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/205

Wikisource, a biblioteca livre

S. BERNARDO

203

crescer assim, bambo, metto-o no estudo para doutor.
Lá vinham os projectos.
— Diabo leve os projectos.
O mundo que me cercava ia-se tornando um horrivel estrupicio. E o outro, o grande, era uma balbúrdia, uma confusão dos demonios, estrupicio muito maior.
Os amigos e os jornaes traziam-me a revo­lução.
— Uma peste! bradava Azevedo Gondim Foi um bluff. Ameaças pelo telegrapho e pelo radio, boletins jogados por aeroplanos — todo o mundo se pellava de medo. Isto é o povo mais covarde que Deus fabricou.
— Exaggero, opinava o advogado. Houve bravura.
— Que bravura! berrava Gondim. Gente que devia pegar no pau furado escondeu-se.
— Os da situação passada. Entre os revolu­cionários é differente: ha idealismo, ha coragem. Não digo isto em publico, mas ha.
— Diabo leve o idealismo delles. E quanto a coragem...
— Vamos ser justos, Gondim, intervinha eu conciliador e murcho. Essa coisa estava na massado sangue do povo. Não valia a pena brigar.
— Não valia! Ora não valia! Todos iam pen­ sando assim e elles foram entrando. E que falta de