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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/210

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GRACILIANO RAMOS

no fim entregar a mercadoria de mão beijada a esses velhacos!
Ainda por cima os bancos me fecharam as por­tas. Não sei porque, mas fecharam. E olhem que nunca atrazei pagamentos. Emfim uma penca de caiporismos. Cheguei a dizer inconveniências a um gerente:
— Pois se os senhores não querem transigir, acabem com isso. Ou os papéis valem ou não va­lem. Se valem, é passar o arame. Pilulas! Eu encommendei revolução?
Em seis mezes havia tão grande quebradeira que torrei nos cobres o automovel para não me pro­testarem uma letra vagabunda de seis contos.
— Maré vazante. Agora ganham os preguiço­sos. Quem devia estar vivo era o velho Mendonça, que deixava a propriedade coberta de capoeira e o engenho de fogo morto. Trabalhar para formiga! E’ cruzar os braços.
E cruzei os braços.
Um dia em que, assim de braços cruzados, con­templava melancholicamente o descaroçador e a serraria, João Nogueira me trouxe a noticia de que o Fidelis e os Gama iam remexer as questões dos limites. E o peor era que o dr. Magalhães estava em outra comarca.
— Bellezas da revolução, commentou Noguei­ ra. Um funccionario inamovivel! E um juiz decen­te como o Magalhães! um juiz integro!