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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/81

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S. BERNARDO
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— Obra com acerto, é preciso preservar a saude.

João Nogueira deu ao rosto uma expressão safada:

— Sem duvida, é preciso preserval-a. Mas, como iamos dizendo, isto nunca foi oligarchia. Ha gente demais.

— Pois se, havendo tanta, a opposição grita, imagine se o numero fosse menor. Ahi é que a gri­taria não findava.

— Porque?

— Porque muitos dos que estão em cima es­tariam em baixo, o descontentamento seria maior.

Como o advogado se approximasse da janella, soprei-lhe ao ouvido:

— Elle prometteu o despacho?

João Nogueira affirmou com um gesto. Des­pedi-me:

— Não concordo com o senhor não, dr. Nogueira. A Republica vai bem. Só a justiça que temos... Reflicta.

— Eu por mim sou apenas juiz, disse o dr. Magalhães. Estudo, consulto os bons autores...

Demorei-me até que elle terminasse, despedi-me pela segunda vez e sahi.

Percorri a cidade, bestando, impressionado com os olhos da mocinha loura e esperando um acaso que me fizesse saber o nome della. O acaso não veio, e decidi procurar João Nogueira, infor­mar-me do nome, posição, familia, as particulari-