Saltar para o conteúdo

Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/84

Wikisource, a biblioteca livre
82
GRACILIANO RAMOS

ra. Depois resolvemos. Não vale a pena quebrar a cabeça com uma tolice dessa.

E ficámos no hotel até onze da noite, jogan­do dominó a tostão o tento.

No outro dia tomei o trem, ferrei no somno e accordei ás dez horas, na estação central. Logo ali, com o rebenque debaixo do braço, comecei a examinar as caras.

Subi a rua do Commercio, dobrei o Livramen­to, a Alegria e parei em frente á Gazeta. Olhei um instante, pelas grades, as caixetas immundas, entrei, atravessei a sala de composição, a de im­pressão e, lá no fundo, desemboquei na redacção, onde só estava um rapaz amarello preparando telegrammas com os jornaes do Recife da vespera. O director tinha ido a Pajussara.

— Obrigado.

Voltei pelo mesmo caminho e estive uma hora no relogio official, observando os passageiros dos bondes da ponta da Terra. A final surgiu o foci­nho de rato do Brito.

— Olá!

Recuou, tentou retomar o estribo, mas o car­ro já ia longe. Franziu a testa com dignidade. Vendo o rebenque, empallideceu e gaguejou:

— Bons olhos o vejam. Que sorte! Sim se­nhor, precisamos conversar.

Agarrei-lhe o braço, puxei-o para junto do relogio e disse-lhe, quasi cochichando para não es­pantar os transeuntes: