E a conversa cahiu. Para levantal-a, abri o jornal e preguei-lhe um dedo:
— Está aqui um artigo baita sobre a apicultura. O auctor disto é osso.
Não comprehendeu. De repente exclamou :
— Agora me recordo. O senhor estava com o dr. Nogueira, discutindo politica.
— É isso mesmo.
Houve uma pausa.
— O senhor mora na capital?
— Não, moro no interior.
— Em Viçosa?
— É.
— Eu também, ha pouco tempo. Mas cidade pequena... Horrivel, não é?
— A cidade pequena? E a grande. Tudo é horrivel. Gosto do campo, entende? do campo.
D . Gloria fechou a cara:
— Mato? Santo Deus! Mato só para bicho. E o senhor vive no mato?
— Em S. Bernardo.
D. Gloria não conhecia S. Bernardo, e essa ignorância me offendeu, porque para mim S. Bernardo era o lugar mais importante do mundo.
— Uma boa fazenda. Não ha lá essa agua podre que se bebe por ahi. Lama. Não senhora, ha conforto, ha hygiene.
D. Gloria rectificou a espinha, ergueu a voz e desfez o ar apoucado: