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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/88

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GRACILIANO RAMOS


— Não me dou. Nasci na cidade, criei-me na cidade. Sahindo d'ahi, sou como peixe fóra da agua. Tanto que estive cavando transferencia para um grupo da capital. Mas é preciso muito pistolão. Promessas...

— Ah! É professora?

— Não. Professora é minha sobrinha.

— Aquella moça que estava com a senhora em casa do dr. Magalhães?

— Sim.

— E como é a graça de sua sobrinha, d. Gloria ?

— Magdalena. Veja o senhor. Fez um curso brilhante...

— Espere lá. O Nogueira e o Gondim me falaram nella. Mulher prendada, bonita. Perfeitamente. O Gondim falou muito. O Gondim do Cruzeiro, um da venta chata.

— Sei.

E recolheu, sorrindo, os elogios á sobrinha.

— Pois uma menina como aquella encafuar-se num buraco, seu...

— Paulo Honorio, d. Gloria. Faz pena. Isso de ensinar beabá é tolice. Perdoe a indiscreção, quanto ganha sua sobrinha ensinando beabá?

D. Gloria baixou a voz para confessar que as professoras de primeira entrancia tinham apenas cento e oitenta mil reis.

— Quanto?

— Cento e oitenta mil reis.