Saltar para o conteúdo

Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/90

Wikisource, a biblioteca livre
88
GRACILIANO RAMOS

vestre estiveram lá examinando a molecoreba e acharam tudo em ordem.

D. Gloria enrugou e desenrugou a cara:

— Cada qual tem o seu meio de vida.

— Historia! Dê um salto a S. Bernardo para eu lhe mostrar o que é uma lavoura de fazer agua na boca.

Essa conversa, é claro, não sahiu de cabo a rabo como está no papel. Houve suspensões, repetições, malentendidos, incongruencias, naturaes quando a gente fala sem pensar que aquillo vai ser lido. Reproduzo o que julgo interessante. Supprimi diversas passagens, modifiquei outras. O discurso que atirei ao mocinho do rubi, por exemplo, foi mais energico e mais extenso que as linhas chochas que aqui estão. A parte referente á enxaqueca de d. Gloria (e a enxaqueca occupou, sem exaggero, metade da viagem) virou fumaça. Cortei igualmente, na copia, numerosas tolices ditas por mim e por d. Gloria. Ficaram muitas, as que as minhas luzes não alcançaram e as que me pareceram uteis. É o processo que adopto: extraio dos acontecimentos algumas parcellas; o resto é bagaço. Ora vejam. Quando arrastei Costa Brito para o relogio official, appliquei-lhe uns quatro ou cinco palavrões obscenos. Esses palavrões, desnecessarios porque não augmentaram nem diminuiram o valor das chicotadas, sumiram-se, conforme notará quem reler a scena da aggressão, scena que, expurgada