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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/95

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S. BERNARDO
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recebesse os duzentos, havia de pedir mais duzen­tos e assim por diante.

— A noticia que circulou hontem foi que elle estava no hospital, com uma punhalada, informou padre Silvestre. Constou até que tinha morrido. Felizmente hoje socegámos. Ferimentos leves, não?

— Que ferimentos! O que houve foi troca de palavras. O Brito disse uns desaforos, eu disse outros, juntou-se gente e a policia entrou na ques­tão, que não era com ella. Não houve nada.

— Logo vi, bradou padre Silvestre. Um ho­mem prudente como o senhor não ia provocar ba­rulho.

— Essa agora! gritou Azevedo Gondim. Pois eu tinha escripto duas columnas sobre o caso para o numero de domingo.

João Nogueira approximou-se e falou-me ao ouvido:

— Francamente, que foi que houve?

— Uma arenga sem importância.

E, pegando a occasião:

— Oh dr. Nogueira, quem é aquella d. Gloria?

— A tia da professora?

— Sim. Que tal é essa familia?

— Em que sentido?

— Em tudo, respondi evasivamente. A velha viajou hoje commigo, no trem. É sympathica.

— Mas que interesse tem o senhor...