Saltar para o conteúdo

Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/97

Wikisource, a biblioteca livre
S. BERNARDO
95


— Sim. Encontrei-a uma noite destas e gostei da cara. É moça direita?

Azevedo Gondim encetou a quarta garrafa de cerveja e desmanchou-se em elogios.

— Mulher superior. Só os artigos que publica no Cruzeiro!

Desanimei:

— Ah! Faz artigos!

— Sim, muito instruida. Que negocio tem o senhor com ella?

— Eu sei lá! Tinha um projecto, mas a collaboração no Cruzeiro me esfriou. Julguei que fosse uma criatura sensata.

— Essa agora! bradou Gondim picado. O senhor tem cada uma!

— Está bem. Para você não ha segredo. Ouça. Estou aborrecido com o Padilha.

— Alguma carraspana que elle tomou?

— Peor. Anda querendo botar socialismo na fazenda. Surprehendi-o dizendo besteiras. Não liguei importancia, tanto que o conservei, mas, o caso bem pensado, talvez fosse melhor arranjar para elle outra collocação, fóra.

— E convidar a Magdalena.

— Sim, estive pensando. Não sei. Se ella for moça de bons costumes.

— De bons costumes? Claro. O diabo é que talvez não acceite. Morar nas brenhas!

— Isso são bobagens da tia, uma velha