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Página:Graciliano Ramos - S. Bernardo (1934).pdf/98

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GRACILIANO RAMOS

tonta. Mas a outra, se tem juizo como você diz, acceita.

Azevedo Gondim mastigava amendoins torrados e bebia cerveja:

— É, pode ser. Vantagem para ella, com certeza, augmento de ordenado.

— Sem duvida.

— Pode ser. Eu só tenho pena do pobre do Padilha.

— Não. Cavo uma collocação para elle. Já não lhe disse? É um canalha, coitado. E a respeito da moça...

— O senhor entendeu-se com ella?

— Não, homem. Se me tivesse entendido, não estava consultando você. Oh Gondim, faça-me um favor. Foi justamente para isso que lhe pedi que ficasse. Sonde a mulher.

Azevedo Gondim resistiu, encarecendo o serviço que ia prestar:

— Mas eu não tenho intimidade com ella. Fale o senhor.

— Impossivel. Ha dois dias que estou ausente. Preciso chegar em S. Bernardo hoje. E não sei a maneira de tratar com essa gente. Muitas voltas... Peite a moça, Gondim, faça-me o favor.

— Pois sim. Arrumo-lhe a paizagem, a poesia do campo, a simplicidade das almas. E se ella não se convencer, sapeco-lhe um bocado de patriotismo por cima.