Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/19

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som por um ou un. Quando pode haver equivocação do significado da palavra, o u longo escreve-se com o accento agudo : Ex. cúmulo s. para o differençar de cumúlo verbo. O accento se supprime quando o sentido ou as regras da prosodia indicão o verdadeiro valor da vogal. Ex. barulho, maculo, etc. Esta vogal, ainda quando he surda, sempre tem som mais agudo que o o surdo ; por isso he mais conforme á recta pronuncia escrever Deos, mingoa, ouvio, deo, leo, que Deus, mingua, ouviu, deu, leu. Em mingoa e outros nomes até tem a vantagem de evitar a equivocação com mingúa, terceira pessoa do verbo. Em agua, lingua, a etymologia he favoravel ao uso do u ; mas como ignoramos a verdadeira pronuncia desta letra pelos Romanos, que a substituião a y em Sulla (Sylla), etc., não ha inconveniente em lhe substituir o o. A palavra Deos que he grega, escreve-se com o (Θεός), que os Romanos conservárão no dativo e ablativo de Deus, Deo, e no genitivo e accusativo do plural, Deorum, Deos. Nas desinencias do preterito dos verbos, o o he preferivel ao u, porque o som he surdissimo, alem de não haver razão alguma tirada da derivação que autorise o uso do u em taes casos. Em todas as palavras terminadas por u precedido de vogal, existe na nossa lingua tendencia a pronunciar o u agudo, ainda quando elle não tem accento, e isto se observa ainda melhor em nomes proprios de outras linguas, v. g. Esau, Feliu, Abiu, Liu-Chu. E quando a pessoa do verbo termina em uio,