Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/276

Wikisource, a biblioteca livre

termos immediatamente derivados d’aquella lingua ; v. g. em acção, acto, facto, accusar, mas não em aceitar, acender, etc. ; no primeiro, porque a alteração de accept em aceit he completa e conforme aa muitas outras, come feito, afeito, peito ; no segundo, porque em acender e muitas outras palavras compostas em latim da proposição ad modificada em ac, esta se converteo na preposição portugueza a, nas palavras em que nunca soou o primeiro c guttural, como he acender e seus derivados, aconselhar, acurvar, afastar, afear, afogar, etc., mas não assim em acceder, accesso.

Regra IVª. He licito ajuntar a vozes portuguezas letra que não existe nos radicaes latinos ou gregos, quando a pronunciação o exige absolutamente, e o uso o justifica. Por exemplo, ajuntamos hum e aos radicaes latinos de que provêm as palavras spirito, spuma, spurio, spelho, etc., porque pronunciamos es–pi–ri–to, es–pu–ma, es–pu–rio, es–pe–lho, augmentando de huma syllaba o numero das que em latim tem spiritus, spuma, spurius, speculum. Pela razão contraria devemos escrever sem o e inicial scena, scenico, scenario, sceptro, porque assim he conforme á etymologia e á pronuncia. Em muitas vozes de origem grega pode tambem seguir-se a etymologia, porque a pronuncia dos doutos não se affasta della ; v. g. sphincter, sphera, spherico, spectro, sphenoide, splenico, e muitas outras vozes que ora se pronuncião com e surdo antes do s, ora sem elle.

Assim tambem quando o t latino he representado