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á etymologia, he certo que o u lhe he conforme em agua, tabua, lingua, etc. ; mas, como della nos desviamos em muitos outros vocabulos, e particularmente quando a vogal breve se segue u surdo, v. g. mutuus, varius, fatuus, de que fizemos mutuo, vario, fatuo, e não mutuu, variu, fatuu, não ha razão para não seguirmos neste ponto a analogia tirada da pronuncia. Alem do que, bem sabido he que as vogaes breves e brevissimas sempre se trocárão no grego, no latim e em todas as mais linguas, e até na hebrea e arabiga, se não escrevião. O o latino e o u, ora respondem ao o breve, ora ao longo dos Gregos, ora ao ypsilon ou a oi, e nos primeiros tempos da republica os Romanos escrevêrão o por u.

Resta fallar das vogaes e dos dipbthongos nasaes ou fanhosos. Eis aqui a regra.

Regra VIII. Toda a vogal nasal simples se pode escrever pondo sobre ella o til (˜) ou ajuntando-lhe m ou n que não faça syllaba com a letra immediata, a não ser essa m ou n final. Ex. Balaam, Cham, lan, ran, amparo, entender, Antonio. Alguns escrevem lãa, rãa, maçãa, attendendo á suppressão de hum n dos radicaes latinos lana, rana, e do castelhano manzana ; mas pronunciando nós lan, ran, etc., sem mistura de outra vogal, he ella escusada, sendo a melhor ortographia a que conserva o n radical de lana, etc. Com as vogaes e, i, o e u, usamos constantemente do m posposto, e não do til ; v. g. bem, fim, bom, hum. He de notar que nestas e outras palavras damos sempre a preferencia ao m, posto que