Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/288

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o n seja a letra radical dos termos primitivos bene, finis, bonus, unus. Isto procede de serem as palavras apontadas e outras semelhantes, derivadas não do nominativo latino, mas dos accusativos terminados em m ; v. g. finem, bonum, unum. Em bem, sem, seguio-se a analogia, contra a derivação, em virtude da predominancia dos sons nasaes na lingua portugueza, e de elles serem mais bem caracterisados pelo m que por n, que de sua natureza he mais articulavel. Por esta razão convertêrão os fundadores da nossa lingua o n das terminações latinas de verbos em unt, em m ; v. g. fecerunt em fizerom, sunt em som.

Os diphthongos nasaes são aquelles cuja primeira vogal he nasal e a segunda surda, v. g. mão, dão, põe, mãi, botões, cães ; por isso a primeira deve sempre levar o til. Como podem ser syllabas longas ou breves, predominantes ou subordinadas na mesma palavra, he preciso em caso de duvida, e quando he diverso o sentido da palavra segundo o valor do diphthongo nasal, pôr hum accento na syllaba antecedente, quando esta for a predominante ; v. g. amárão, morrêrão, ferîrão (preteritos), em que ão he breve, para os differençar dos futuros, amarão, morrerão, ferirão (futuros). Alguns escriptores accentuão nos futuros o a, e transferem o til para o o final, contra toda a razão, e sem a menor utilidade. He com effeito contradicção manifesta pôr o til em huma vogal pura e surda que nada tem de nasal, tirando este signal á que o he.

Outros escrevem o diphthongo ão, quando he