Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/29

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baixo, redondo, forte, frouxo, macho, fêmea. A unica differença real consiste na individualidade de humas ideias, e na communidade das outras. Sem duvida a côr branca, azul, verde de certo objecto, a altura de outro, etc., foi o typo dos primeiros nomes dados a estas propriedades dos corpos, mas depois se applicárão os vocabulos a todas as outras cousas em que se observou analogia de propriedades. A principio, o que nós chamamos attributos ou qualidades dos corpos, de que são inseparaveis fazendo parte de cada hum, não tiverão denominação especial, e para designar estas apparencias variaveis se escolherão individuos em que ellas erão mais constantes, e em que predominavão a ponto de formarem o caracter saliente do individuo. Por exemplo, para expressar a côr branca escolhêrão muitas nações a neve, a lua, a escuma da agua, etc. ; para expressar o preto, servio de typo a noite escura, para o vermelho o sangue, para o azul a côr do céo estrellado. Para designar o que era alto e superior, tomou-se por typo a cabeça ; para o baixo e inferior os pés. Para caracterisar o movimento de transição foi escolhida a ideia e expressão de pernas, de pennas, de azas ; para o movimento ou acto de prehensão no homem com relação aos seus orgãos, e considerado como exercendo acção sobre outros corpos, tomou-se a mão, etc. Por este systema natural e instinctivo foi-se extendendo a applicação de ideias e vocabulos a muitos individuos, e d’esta diversa applicação resultou ir-se esquecendo o sentido primi-