Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/291

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correto, adatar, exceto, etc., por practica, s., practicar, acção, correcto, adaptar, excepto, etc. Já dei a razão, e agora a repito : he porque em muitos vocabulos das mesmas familias se pronuncia a letra omittida ; v. g. em praxe que soa pracse, accionado, acto, actual, adaptado, correctamente, corrector, correcção, exceptuado. Nas fórmas do verbo practicar em que o i he a syllaba predominante, pode supprimir-se o c que precede o t, não só por não soar, mas porque evita a confusão do substantivo practica, com pratica (elle ou ella), e a de practico (homem), com pratico (eu).

Como na orthographia latina ha tambem variantes, v. g. escrever com hum t ou com dois littera, e destillare ou distillare, etc, podemos escolher a que nos parecer, e preferir, letra, literato, literario, destillar, etc., a lettra, distillar, etc.

Em quanto á substituição de i por u ; v. g. em dois, oiro, por dous, ouro, ou coisa, loiro, por cousa, louro, não ha razão para preferir o u, visto ser o i conforme á pronunciação moderna, e existir no latim a substituição inversa, sendo constante que os antigos Romanos escrevião optumus, maxumus, antes de terem escripto optimus, maximus. Alem do que, muitas das palavras que os nossos antigos escrevião por ou, e que hoje se pronuncião geralmente oi, já estão mui torcidas dos radicaes latinos ; v. g. ouro de aurum, louro de laurus, dous de duo.

Cousa não deriva immediatamente do latim. He pois licito escrever cousa ou coisa, dous ou dois, etc. Em muitas palavras oi corresponde me-