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lhor ao radical latino ; v. g. coiro de corium, por transposição de letras.

O o breve e surdo, usado em vez do u dos vocabulos latinos, em palavras em que a pronuncia confunde o som surdo de huma d’estas vogaes com o da outra, he arbitrario ; v. g. Deos ou Deus, e neste nome o he tanto mais, que o radical grego se escreve Zeus, Dios, Theos. O mesmo acontece em quasi todas as vozes latinas escriptas por u, correspondentes a vocabulos gregos escriptos por o ; o que procede de não terem os Gregos o u latino, nem os Romanos o ypsilon grego. Pela mesma razão nas linguas derivadas do latim achamos o nome Deos escripto, em italiano e hespanhol por o, Iddio, Dios ; em francez Dieu, e antigamente Diou, e pela mesma razão escreveremos correctamente Atheo, Proteo, Nereo. Eu, escreve-se por u, postoque derivado de ego, em razão do som mais agudo da final, resultante da suppressão do g que torna o vocabulo monosyllabico.

O h latino he hum signal orthographico que suppre a aspiração (῾) dos Gregos. Entre nós tem o mesmo officio ; mas a repugnancia que existe em portuguez a todo o som aspirado com alguma força, lhe deo, alem d’aquelle uso, outro, que he o de modificar os sons das letras c, l, n, p, quando lhes he posposto, formando os sons ch, em chave (e antigamente tch, como ainda se pronuncia em Tras os Montes, tchave), lh em molho, toalha ; nh em rebanho, etc., e ph em Pharaó, physica, etc. Em muitas vozes em que he precedido de r, só serve de