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só algumas derivadas do grego, seguiremos nas portuguezas cujo som inicial he ch (em acha, deixo) a analogia das linguas d’onde tirámos essas palavras.

2ª Todas as vezes que houver duvida entre o emprego do x e de ch, poderá quasi sempre decidir-se attendendo ao seguinte preceito. Se o som duvidoso admitte a pronunciaçao de tch, como chove, chegar, achar, fechar, inchar, escrever-se-ha por ch ; e de contrario se usará o x ;. g. em deixar, bruxa, buxa, lixa, lixo, peixe, enxó, coxo, frouxo, roxo, bexiga, enxertar, enxofre, enxugar, enxarcia, etc.

Posto que hoje não exista differença na pronuncia da capital, entre xa ou cha, he certo que a houve antigamente, e que ainda hoje os Trasmontanos pronuncião o ch, tch, e o x, ch ; esta differença pode servir de chave para descobrir a origem das palavras sobre que versa a duvida. O x soando como em xa, enxó, suppre em portuguez : 1º sc latino, em peixe de piscis, em mexer de miscere ; 2º o s em bexiga de vesica ; 3º os ss em paixão de passio ; 4º he alteração do ll hespanhol, em chover, chave, de llover, llave ; o ss francez, em leixar de laisser, ou de sc italiano, lasciare.

Por conseguinte a regra tirada da pronuncia conduz á orthographia fundada na derivação. Como x depois de diphthongo não pode pronunciar-se tch, fica claro que baixo, caixa, seixo, feixe, etc., não devem escrever-se baicho, caicha, seicho, feiche ; e que bicho, pecha, mocho, rancho, Sancho, etc., não admittem o x. Xadrez, xaque, xeque, xarife,