Página:Grammatica Analytica da Lingua Portugueza.pdf/297

Wikisource, a biblioteca livre

xalmas, xara, xarel, xarope, etc., não admittem o ch, porque não podem pronunciar-se por tch inicial; e com effeito são vozes arabicas gutturaes ou chiantes, e nenhuma tem nem teve o som inicial tch.

Para saber quando deve usar-se de s ou de ç, admitte o autor a regra tirada da derivação latina, escrevendo por s e ss, as palavras assim escriptas em latim, como expulsão, tensão, oppressão, missão, etc., e por ç, as palavras que em latim se escrevem por ti na penultima, e soão ci, como acção, lição, solucão.

Escreve com s, seifar, sevar, siume, serzir, sisco, sedenho, sedula, selga, sigano, selada, sima, porque são, diz elle, puramente portuguezas. Nisto se engana totalmente, pois humas são gregas, outras latinas, etc. Cigano he allemão, e deve escrever-se por c, equivalente do z allemão que soa como o z hespanhol. Sevar vem de sevum; sedenho de seto ; serzir ou sirzir de sero; schedula, scedula ou cedula de schedula. Ciume vem de cio; cima, de cima; cisco de cinis. De maneira que erra todas as vezes que se aparta da etymologia, por julgar palavras radicaes portuguezas vozes derivadas. Apenas temos alguma que se possa chamar portugueza pura.

Desapprova o ç inicial antes de a, o, u, e em geral com razão, porque nem a pronuncia nem a derivação o requer ; v. g. sumo de succus, ou de sumere; sapato, sarça. Nenhuma palavra exige o ç inicial, e devem escrever-se por c simples antes de c e i todas as latinas que assim começão, e por s as que o tem ; v. g. cera, cem, cilicio, ceda (ver-