Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/121

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estavam a pingar trindades, foram de passeio se encaminhando para ali. A companhia de ordinário começava a reunir-se com o escuro; porém o Miguel Correia tinha suas razões para chegar cedo.

Puseram-se os dois a caminho pela praia fronteira à Madre de Deus, quando os apanhou o toque de ave-maria. Depois de recitada a oração, deram-se mutuamente as boas-noites e, continuando o passeio, foram sair nas imediações da Rua da Moeda. Os quintais separados formavam um beco estreito por onde se entrava da praia para a cidade. Houvera ali outrora uma pequena porta, fabricada pelos holandeses, mas já em ruínas.

A um dos lados da travessa estava o outão com a rótula dos olhos negros. O Miguel Correia estendendo os olhos naquela direção, viu cousa que o pôs alerta. A gelosia estava entreaberta; e próximo da janela, encostado à parede, havia um indivíduo gesticulando. Tornou-se pensativo o homem; e seu companheiro teria reparado na torvação, se não fosse uma figura de retórica das mais retumbantes, e cujo efeito naquele momento ensaiava o padre sobre o mascate, pensando que este o escutava.

Quem era o indivíduo da rótula, já o sabemos.