Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/132

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ao sul, numa orla de praia, a minguada povoação de pescadores, que fora crescendo desde a invasão holandesa; e devia em breve dominar essas regiões.

Tinha Olinda todas as superioridades. Situação magnífica, ares saudáveis, água em abundância, terreno fértil, e vegetação opulenta; esses eram os dons da natureza, aos quais o homem juntara outros: as tradições da primeira colonização, os edifícios bem acabados, e os meios de defensão.

Recife era uma ponta de areia, estéril, despida de arvoredo, fétida e doentia, sem outra água potável além da péssima fornecida por cacimbas. A próxima Ilha de Santo Antônio estava nas mesmas condições. Mas havia ali um ancoradouro, porta aberta ao comércio. A indústria, que já se estreava para um dia se apoderar da civilização e subjugá-la, devia arrastar a população do alto das verdes e risonhas colinas às praias sujas, e infetas do Mosqueiro.

Assim, a pouco e pouco minguou a seiva à altiva cidade; suas casas foram desamparadas; tornaram-se ermas as ruas; e o cadáver da formosa Olinda permaneceu como seca múmia entre a verdura das árvores e as palmas dos coqueiros, únicas de suas galas antigas que não desbotaram ainda hoje. Para consolo dessa