Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/134

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Na primeira sacada da última casa percebiam-se entre as gretas da rótula, por onde coavam-se as derradeiras réstias do sol cadente, dois vultos que pareciam de mulher; e o eram de feito. Estava sentada em cadeira e mais recolhida, uma já revelhusca; a outra, moça e formosa, em estrado e pendida para a sacada, a fim de aproveitar a claridade; pois trabalhava na trama de uma bolsa de retrós.

— Não se amofine com isto, menina! dizia a matrona.

— Pois, tia, não me hei de queixar de minha sorte, que me fez donzela e casada, sem que o seja nem uma, nem outra? Não me pertenço a mim, que sou de quem me disse o coração; não me pertenço ao meu marido, que dele me tem separada. Ah! soubera eu do que me esperava, que não teria consentido! Afinal de contas ele é meu esposo e eu devia acompanhá-lo...

— Que diz você, Leonor?... Queria então ajuda-lo na guerra que faz aos nossos?

— Quem fala disto, senhora? Sou tão boa pernambucana, como a que melhor for; e também, lhe juro, ninguém se desvela tanto de amores por esta Olinda, onde nasci e me criei, e parece que tudo me conhece, porque brincamos juntos, quando era eu criança; e vai a ponto